Evolução na Alimentação de Cães | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Os cães e os gatos pertencem à classe Mammalia e à ordem carnívora. Os cães pertencem à superfamília Canídea e os gatos à superfamília Felídea. A domesticação de cães e gatos é datada de 15 a 20 mil anos, quando estes animais passaram a consumir dietas similares a de seus donos pois, muitas vezes, consumiam as sobras da alimentação humana. Desta forma, quantidades crescentes de carboidratos foram adicionados à sua dieta. Os carboidratos, porém, não são essenciais na dieta de cães e muito menos na dos gatos e, mesmo após milhares de anos de domesticação, seu sistema enzimático digestivo é perfeitamente adaptado para digerir carne crua e muito ineficiente na digestão de amidos, mesmo tendo acompanhado de perto o desenvolvimento da agricultura e a introdução de carboidratos e açúcares na dieta humana. Este tipo de alimentação similar à de seus donos, fez surgir nestes animais, problemas de saúde similares aos dos humanos (quadro 1).
O antropomorfismo, neste caso, dificilmente trará bons resultados, pois o que pode ser bom para os humanos, nem sempre será bom para cães e gatos. Portanto, temos que entender como era a alimentação destes animais na natureza, para podermos obter uma dieta mais próxima possível, que atenda às suas exigências nutricionais e preferenciais, dentro da moderna indústria de alimentos processados para cães e gatos. Na natureza, cães e gatos costumavam se alimentar de caça: coelhos, ratos, aves e outras presas. Analisando a composição corporal destes animais (quadro 2), podemos verificar que o consumo energético proveniente da caça é originado 42,50% da proteína, 55,40% da gordura e 2,10% dos carboidratos ingeridos.
O processamento de dietas para cães exige a adição de uma certa quantidade de cereais, ricos em amido, para que as máquinas extrusoras promovam uma adequada expansão do produto. Praticamente, quanto mais carboidrato (amido), maior a expansão e menor a densidade aparente do produto que fica mais leve e crocante. O aumento no teor de grãos implica em uma redução proporcional nos níveis de gordura, proteína, ou de ambos, com redução equivalente no custo da fórmula ou receita. Na prática, os cães não têm acesso a múltiplas fontes de alimentos e a eles é normalmente dada apenas uma escolha. Como os alimentos comerciais disponíveis são bem flavorizados (temperados), o animal consome acima de suas necessidades. O dono do animal não percebe nada de negativo de imediato: problemas de inadequação nutricional somente são percebidos a longo prazo. Estes problemas normalmente se apresentam na forma de má aparência, dermatites alérgicas, obesidade, pressão arterial alterada, doenças cardíacas, falhas renais, câncer, resistência à insulina, hiperinsulinismo e outras. Comparando a contribuição energética das frações de proteína, gordura e carboidratos de uma dieta contendo 34% de proteína bruta e 20% de gordura com uma dieta contendo 21% de proteína bruta e 8% de gordura, observamos que a dieta de 34% de proteína bruta e 20% de gordura é a que mais se aproxima da alimentação original de cães e gatos. "Quando os carboidratos são restritos, o consumo de uma dieta rica em gor- duras causa um quase imediato estado de saciedade". Yudkin & Stock, 1996. A idéia de se desenvolver uma dieta rica em proteínas de alto valor biológico (alta concentração de aminoácidos essenciais), energeticamente densa com alto teor de gorduras e minimizando o uso de cereais (carboidratos) foi, em boa parte, uma reaproximação de uma dieta natural que, ao longo de milênios, prevaleceu na vida em liberdade de cães e gatos. Em relação às dietas de alta proteína, Carey, D. (1996) concluiu que "42% dos veterinários americanos acreditam, erroneamente, que alta proteína pode ser responsável pela origem e progressão dos problemas renais em cães." Carey, D. (1996) realizou um teste em cães com 75% de redução da massa renal, onde o nível de proteína da dieta era a única variável. Estes cães foram alimentados com 19%, 27% e 56% de proteína na dieta durante 4 anos e não foram encontrados efeitos negativos para as dietas com 19%, 27% e 56% de proteína. Finco e Brown (1996) alimentaram cães com 7 a 8 anos de idade, de diferentes raças, com dietas de 18% (grupo 1) e 34% (grupo 2) de proteína por 48 meses. O consumo semanal de ração foi maior no grupo 1 em comparação ao grupo 2. O estudo demonstrou que os cães não apresentaram qualquer redução na taxa de filtração glomerular, durante 4 anos de estudos compreendidos entre 7 -8 a 11-12 anos de idade. O mesmo estudo mostrou que cães idosos e comprometidos com perda de até 50% na massa renal, não apresentavam quaisquer evidências de danos derivados do uso de uma dieta com 34% de proteína, ministrada por quatro anos consecutivos. Tais estudos demonstram a alta capacidade de adaptação dos cães a dietas com alto teor de proteína, fato que não nos causa surpresa, pois foi isso que os cães fizeram durante a maior parte do seu processo evolutivo. Vários outros estudos foram conduzidos por Barsanti e Finco (1985), Liebetseder e Nuefeld (1991) e Hansen et ai. (1992), onde a única variação na dieta eram os níveis de proteína, e não conseguiram mostrar nenhum impacto negativo sobre os rins, previamente lesionados, dos cães experimentais. Altos níveis de gordura na dieta resgata o alimento original de cães e gatos na natureza. Além de ter alta digestibilidade, leva o animal a um estado rápido de saciedade (diminui o consumo) e produz uma resposta glicêmica baixíssima. Dietas com muito carboidrato sobrecarregam o pâncreas que é obrigado a produzir quantidades elevadas de insulina para manter os níveis de glicose plasmática normais (hiperinsulinismo). A gordura é metabolicamente neutra, não altera o nível de glicose no sangue nem induz a produção de insulina. As proteínas da dieta apresentam cerca de 50% de seus aminoácidos como glucogênicos (podem resultar, se necessário em síntese de glicose) e induzem minimamente a produção de insulina. Uma dieta rica em carboidratos leva a um aumento de consumo diário de alimento em comparação a uma dieta rica em proteína e gordura. O aumento de consumo resulta em maior volume de fezes, consistência mais pastosa das fezes, aumenta a predisposição à torção gástrica, menor palatabilidade e digestibilidade, e aumenta a possibilidade de obesidade (devido ao aumento da produção de insulina, aumentando a deposição de gordura nas células - formação de reservas). Ao contrário, uma dieta de alta proteína e alta gordura, diminui o consumo de alimento (cerca de 33% do consumo/dia - gráfico 1 ), menor predisposição à torção gástrica, redução do volume de fezes, consistência adequada das fezes, alta palatabilidade (palatabilidade = preferência = consumo ), 13% redução consumo calórico/dia (quadro 3), além de ser a dieta mais próxima a alimentação original de cães e gatos. Conforme podemos observar no Gráfico 1 e no Quadro 3, uma dieta com alta proteína e alta gordura supre as necessidades diárias do animal com uma menor quantidade de alimento consumido. A energia consumida é mais eficientemente aproveitada, pois a fonte é a gordura e a proteína ingerida não ultrapassa as exigências do animal.
A dieta com alta proteína e alta gordura resgata o alimento original de cães e gatos, tornando-se um alimento mais palatável e mais facilmente digerido. Os nutrientes são melhor aproveitados pelos animais. Tem a vantagem de ser um alimento balanceado, cujas matérias-primas passam por um rigoroso controle de qualidade, possui uma adequada suplementação vitamínica e mineral, além de conter toda a tecnologia para permitir o desenvolvimento de um animal forte, ágil, resistente e feliz. |
sábado, 3 de novembro de 2007
A EVOLUÇÃO NA ALIMENTAÇÃO DOS CÃES
Postado por Marcelo De Aguiar às 09:19
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