sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Crescimento e Desenvolvimento dos Cães

Os cãezinhos vêm ao mundo num estado muito dependente de cuidados. Este fato é reconhecido devido aos olhos e ouvidos fechados, e estes dois sinais visíveis refletem, na realidade, um sistema nervoso ainda não completamente desenvolvido.

O cãozinho nasce com pouco movimento espontâneo e deve ser estimulado pelas lambidas da cadela para começar a respirar. Lambendo a região do períneo, a mãe provoca no filhote a micção e a defecação. Por causa da sua incapacidade de manter o calor do corpo, precisa ficar perto da cadela e dos outros filhotes, sendo muito importante o reflexo de esquadrinhamento (leva o cãozinho a se orientar na direção de algum objeto quente próximo à sua cabeça), que começa a desaparecer aos quatro dias.

Entre os 6 e 10 dias de idade, os membros anteriores já podem sustentar o peso do animal. A sustentação do membro pélvico é prevista entre 11 e 15 dias em cãezinhos normais, não excessivamente gordos. Poucos dias depois de poder sustentar o próprio peso, o cãozinho começa a caminhar pelo local. A micção e defecação reflexas, em atividade até o 28º dia, asseguram que a cadela estará presente para remover os dejetos do filhote, mantendo assim o local relativamente livre de odores que possam atrair predadores. Por volta dos 18 dias de idade, os cãezinhos começarão a eliminar os dejetos num cantinho próximo e por volta dos 21 dias começarão a usar uma área de defecação grupal.

A capacidade de regular a temperatura corpórea melhora gradativamente. Primeiramente dormem em uma pilha casual. Depois de duas semanas, dormem de modo mais paralelo, por volta das cinco semanas em pequenos grupos, e sozinhos uma semana depois.

As respostas visuais e auditivas continuam a se desenvolver após o nascimento. Os olhos e os ouvidos se abrem entre 10 e 14 dias. A percepção visual ainda deve ser desenvolvida com o tempo e provavelmente não estará completa até vários meses de idade.

Os reflexos protetores, como o piscar devido à claridade, e os reflexos palpebrais em geral, já existem antes da abertura dos olhos, provavelmente para garantir proteção tão logo seja necessário. O reflexo de susto em resposta ao som aparece, em média, aos 19 dias de idade. Por volta dos 25 dias, tem-se uma orientação positiva para estímulos visuais e auditivos e o reconhecimento específico de estímulos familiares se dá logo em seguida.

DESENVOLVIMENTO DO COMPORTAMENTO
O desenvolvimento do comportamento em cãezinhos frequentemente é dividido em quatro grandes períodos, sendo o terceiro
altamente significativo.
1- Período neonatal
Dura as duas primeiras semanas de vida e consiste basicamente em turnos de amamentação intercalados com turnos de sono.

2- Período transicional
Restringe-se ao período entre 14 e 21 dias de idade, e a resposta à dor passa a ser mais reconhecida.

3- Período de socialização
É um período de máxima importância na vida de um cão. Isto é válido em relação à prevenção de problemas que possam tornar-se evidentes à medida que o cão vai ficando mais velho. Começa aos 21 dias e estende-se até aproximadamente 12 semanas.
Nesta fase, eles começam a demonstrar seus comportamentos e personalidades. Esta é uma ocasião apropriada para iniciar a transição do aleitamento para alimentos caninos regulares, sendo recomendado oferecer alimentos secos umedecidos e/ou alimentos enlatados durante a transição. Com 3 a 5 semanas de idade, os filhotes estão interagindo alegremente. Neste período eles descobrem a pressão da mandíbula, e por volta das quatro semanas, já carregam coisas na boca, guardando seus pertences e brincando de cabo de guerra com pernas de calças, fios telefônicos, etc. Mostram também o início de atividades grupais coordenadas. Se um cãozinho vê alguma coisa e vai investigar, todos os outros o seguirão.
Com seis semanas, têm início várias atitudes específicas do cão adulto, e as brincadeiras se expandem, incluindo o ato de montar e movimentos pélvicos semelhantes aos comumente associados ao comportamento sexual. Por volta das sete semanas, pode haver ataques coordenados aos filhotes mais fracos, e os cãezinhos que permanecem juntos tendem a lutar entre si.
O período de socialização ocorre quando um indivíduo aprende a reconhecer várias espécies de animais como algo a ser aceito, portanto, se for para o cãozinho se relacionar mais tarde com outros cães, gatos, cavalos ou pessoas, ele deve conhecer membros de qualquer uma destas espécies ou outras antes de 12 semanas de idade.
O pico deste período ocorre durante a quinta até a sétima semana de um cãozinho, onde ele se aproxima ativamente de outros seres. Esta é a época mais fácil para socializar um filhote, pois ele procura contatos sociais. Mesmo experiências negativas, como o gato da casa arranhando o novo cãozinho parece não fazer diferença. Além disso, nesta fase, os cãezinhos são capazes de aprender lições específicas de modo consistente, constituindo uma boa oportunidade para atuar no treinamento doméstico. Como não há lições anteriores, o aprendizado se dá de modo bem mais fácil e as lições parecem ficar bem gravadas. Por outro lado, as experiências negativas também podem dessocializar o animal.

4- Período Juvenil
Aqui eles entram na fase mais ativa de exploração do ambiente. É necessário que o treinamento doméstico continue nesta fase a fim de evitar que as lições sejam esquecidas. Vale lembrar que uma experiência ruim também pode ser traumática.

É muito importante acompanhar o desenvolvimento de um cãozinho, estar atento à mudanças de comportamento e levá-lo ao veterinário periodicamente e/ou sempre que perceber que algo está errado.

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Segmento Pet Faturamento Anual De $1,5 Bilhão De Dólares

Animais de estimação: lucros estimados
(Por Roger Moko Yabiku)

No Brasil, porém, as estimativas são menores. Alguns cálculos apontam para um faturamento anual de US$ 1,5 bilhão. Mas, na verdade, informações divergentes criam um verdadeiro enigma quanto ao real faturamento do setor.

O ser humano encontra remédio contra a solidão não só na companhia de outros de sua espécie. Mesmo sem códigos de comunicação verbal inteligíveis ao Homo sapiens sapiens, exceto as manifestações de afeto, os animais de estimação (ou pets) conquistam lugar na sociedade de consumo de massas só pelo fato de necessitarem e exigirem cuidados especiais.

No mundo globalizado, o mercado dos bichos de companhia também é sinônimo de lucros, representando uma movimentação de até então estimados US$ 18 bilhões por ano. E o segmento pode oferecer inúmeras opções, tanto em cuidados veterinários quanto em alimentação, produtos estéticos, roupas, educação, transporte, hospedagem e, até mesmo, serviços funerários.

No entanto, os números mundiais podem ser bem maiores. Pois somente os norte-americanos, segundo estudo da Business Communications Company, Inc. (BCC), gastaram US$ 22,7 bilhões com seus pequenos amigos, em 1996. A previsão para 2001 é que a quantia atinja US$ 28,5 bilhões, representando uma taxa anual de crescimento de 3,9%. Nesse montante, as rações ficariam com 47% e os serviços veterinários com 26%.

Conforme estimativa, os pets brasileiros - no ano passado - foram motivo do giro de US$ 1,5 bilhão, praticamente três vezes mais que em 1993, segundo reportagem publicada pela revista Veja. Essa diferença nas cifras, entre Brasil e Estados Unidos, é ainda mais gritante quando analisada de perto. Apenas na cidade de Nova York (EUA) há pelo menos 100 mil pessoas que gastam cerca de US$ 1 mil com seus protegidos anualmente. No Brasil esse número é bem mais modesto. Segundo a mesma matéria da Veja, os brasileiros desembolsam, em média, US$ 62,00 por ano com seus bichos de estimação.

Mas os valores podem ser bem maiores. Para se ter uma idéia do potencial do mercado pet no País, só no setor de rações o faturamento é de US$ 300 milhões por ano. Conforme dados do Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações), o segmento pet representa apenas 2% do bolo total da produção de rações (28,7 milhões de toneladas), apesar de seu crescimento de 31% em 1997. Foram produzidas 420 mil toneladas de rações para pets, em 1996, e 550 mil toneladas no ano passado.

Em 1998, o sindicato, que congrega 200 fabricantes de rações do Brasil, prevê que a oferta total suba para 640 mil toneladas.

O mercado de alimentação pet pode ser mais bem trabalhado. De acordo com estimativa do Sindirações há 20 milhões de cães e gatos no País (alguns levantamentos apontam para 24 milhões), sendo que apenas 20% são alimentados com rações industrializadas.

O vice-presidente do sindicato, Stephen Wei, diz que a indústria de rações pet tende a estabilizar seu nível de produção. Antes, o crescimento era de 15% ao ano. A previsão para este ano é de 5 a 6%. O desenvolvimento do setor vai depender também do progresso da renda per capita do brasileiro. "O incremento da indústria de rações para animais de estimação é a longo prazo", analisa.

PRÊMIO ANFAR

Dentro de todo o mercado pet as rações representam de 70 a 80% do total de produtos. O Sindirações também aposta nas campanhas de publicidade para conscientizar o brasileiro a dar ração balanceada ao seu animal, em vez de restos de comida. O presidente acredita que o mercado nos países desenvolvidos será menor que no terceiro mundo, cuja possibilidade de aumento será gradativa. O setor de rações, que cresceu muito nos últimos cinco anos, sofre com as alterações de mercado, assim como as outras indústrias. "Como falta dinheiro para o povão, o consumo de rações é menor."

Wei, que também é proprietário da Braswey - fabricante das rações Anhangüera -, afirma que os produtos nacionais devem ser cada vez mais qualificados para poderem competir com as multinacionais. "A indústria nacional tem de investir bastante, apostar nas inovações tecnológicas e procurar novas fontes de matéria-prima. Nessa área pet, ainda temos muito espaço para crescer."

A ração pet é mais cara que outros alimentos destinados a animais porque é semicozida. O processo é feito por uma máquina extrusora, de porte médio, que pode produzir cerca de duas mil toneladas por mês. Apenas com equipamento e adequação das instalações Wei calcula que são necessários investimentos de pelo menos R$ 600 mil.

O secretário-executivo do Sindirações, João Prior, afirma: "Com o perdão da palavra, este é um mercado para empresas de porte." Uma pequena empresa não tem condições de elaborar uma ração com a mesma qualidade. "Com o processo de globalização, se não tivermos qualidade competitiva, vamos perder para os europeus e norte-americanos." Então, os brasileiros podem ficar tranqüilos, pois não há perigo de haver uma invasão estrangeira no setor. No ano passado, por exemplo, a novidade importada era as rações da linha premium.

Hoje, as empresas nacionais já têm suas linhas premium. Para este ano, o setor aposta na vaidade dos animais e seus donos. A fim de evitar quilinhos extras, a moda é o diet, isso também na pet food.

Prior conta que as atividades da Associação Nacional dos Fabricantes de Ração (Anfar) têm contribuído muito ao elaborar campanhas de incentivo ao consumo de ração balanceada. Uma das ferramentas é o Prêmio Anfar de Incentivo ao Estudante de Veterinária.

A intenção é incentivar a pesquisa sobre doenças relacionadas à alimentação inadequada, por parte de estudantes de veterinária. "O prêmio é voltado em especial para os estudantes do quinto ano, que vão ser os donos de clínicas de pequenos animais e pet shops, os formadores de opinião dos proprietários", enfatiza Prior. "E isso tem dado resultado."

PESQUISAS DE MERCADO

Segundo levantamento da AC Nielsen do Brasil, empresa especializada em pesquisa e análise de mercado, só nos primeiros cinco meses de 1997 foram investidos US$ 9,1 milhões em publicidade pelos fabricantes de ração pet. Dessa quantia, 95% foram destinados à televisão. Os números quase batem com os de 1995 inteiro, cujos gastos nessa área foram de US$ 9,5 milhões. Porém, houve um salto em 1996, quando foram destinados US$ 12,2 milhões em divulgação de alimentos pet.

Os supermercados são responsáveis por 40% das vendas de ração para cães e 39% dos alimentos de gatos, aponta a AC Nielsen. Pequenos estabelecimentos, como as lojas self-service, ficam com 19%, nos dois tipos de ração. O alimento para cães é mais consumida no interior de São Paulo (21%) e na região Sul (20%), em comparação com outras áreas do País. Nessas áreas o consumo de alimentos para gatos é, respectivamente, de 24 e 28%.

Minas Gerais, Espírito Santo e interior do rio de Janeiro constituem um mercado que ganha importância no setor. Abocanham 20%, em rações de cães, e 7%, na de gatos. No Nordeste (4% em rações para cães e 6%, para gatos) e no Centro-oeste (4 e 2%, respectivamente) ainda é pouca a procura.

Também no relatório da Nielsen, com dados de abril a maio de 1997, consta que o maior fabricante na área é a Éffem, líder nas duas categorias, com cerca de 60% do mercado para rações felinas e 45% em alimentos caninos. Em seguida, vem a Purina (26% para gatos e 21% para cães), Mogiana (7 e 10%) e Cargill (5% em ambas). A concorrência esquentou ainda mais devido à recente entrada da Nestlé no mercado, com a marca Friskies.

Só em marketing a Nestlé investiu ano passado R$ 10 milhões, mais R$ 20 milhões para a construção de uma fábrica no Estado de São Paulo, segundo a gerente de produtos da marca, Sônia Háfez. No início, a ração vai ser importada dos Estados Unidos. A companhia comprou uma fábrica no Rio Grande do Sul, para também utilizar na empreitada, e espera abocanhar pelo menos 25% do mercado, em três anos.

No setor de defensivos animais em geral, o faturamento mundial em 1997 foi de US$ 17,8 bilhões, conforme a companhia inglesa Vivash-Jones International. O estudo aponta um crescimento de 2,2% sobre os US$ 17,4 bilhões do ano anterior. Nesse contexto, o Brasil está em terceiro lugar, com US$ 850 milhões, ficando atrás dos EUA (US$ 3,3 bilhões) e do Japão (US$ 950 milhões). Em quarto lugar vem a França, com US$ 700 milhões, seguida da Alemanha, com US$ 550 milhões. Mas com relação aos pets, ainda não foram divulgados números ou estimativas oficiais.

PET SHOPS

Em busca de produtos e serviços mais específicos, os donos de animais podem recorrer a um pet shop. São oito mil no Brasil, cinco mil deles só no Estado de São Paulo. Apesar dos números, o empresário Francisco Venturi Régis, do Pet Shop Alvorada, salienta que somente os estabelecimentos mais qualificados e profissionais vão permanecer. O faturamento bruto estimado de um pet shop fica entre R$ 10 mil e R$ 120 mil, ao mês, dependendo do tamanho e localização. "A maior parte tem um faturamento médio de R$ 20 mil", avalia.

Seguindo esse raciocínio, o total de pet shops no Brasil chega a arrecadar R$ 160 milhões mensais (R$ 1,92 bilhões ao ano), em média. Calculando por baixo, faturariam R$ 80 milhões por mês (R$ 960 milhões por ano). Como se vê, não há realmente números muito confiáveis, obrigando o setor a fazer um verdadeiro exercício de numerologia.

As rações devem representar 30% do total de produtos vendidos em um pet shop bem administrado, informa Venturi. Os serviços (veterinário, banho, tosa, hospedagem e transporte) empatam nas porcentagens, enquanto os acessórios, complementos alimentares e medicamentos ficam com 40%. Mesmo com números expressivos a rentabilidade das rações para uma pet shop é muito pouca. "Elas podem ser vendidas em qualquer supermercado." Portanto há possibilidade de as mais específicas serem comercializadas pelos pet shops, que possuem estrutura e informações adequadas.

Quem quiser uma franquia da rede Alvorada deve dispor ao menos de 120 metros quadrados construídos. Os estabelecimentos, com até 50 metros quadrados, ficam com o segmento Express, mais utilizados para prestação de serviços, como estrutura de apoio ou em bairros. A loja laboratório em Moema, inicialmente com 125 metros quadrados, atendia 410 pequenos animais ao mês, para banho e tosa. Em um ano ficou pequena. Atualmente, possui 220 metros quadrados com capacidade para atender 800 animais.

O retorno financeiro de um pet shop demora de 1,5 a dois anos para acontecer. Mesmo com o incremento do setor na área de acessórios, as vendas de animais têm sido muito boas, comenta o empresário. "Os mais procurados ainda são os cães. Mas vendas de outros tipos menos comuns, como chinchilas, hamsters, esquilos da Mongólia e furões também estão aquecidas. Por sua vez, o comércio de aves de estimação sempre foi muito bom e continua crescendo." Os pet shops vêm com tamanha potência que em dois anos devem organizar-se numa associação, revela Régis.

Na linha de acessórios para cães, o empresário Valter Gomes Silva diz que o máximo de crescimento deve ficar em torno de 5%, baseando-se no comportamento de sua firma, a Indústria de Artigos de Couro São Benedito. São cerca de 800 itens, fabricados ou revendidos, pela empresa de 30 anos de tradição, em nível nacional. Apesar do susto da crise econômica na Ásia, que gerou o pacote fiscal no final de 1997, a indústria não chegou a operar no vermelho. "Mas não deu para fazer muita coisa ano passado", salienta, sem revelar números.

Há quatro anos Silva vem construindo uma nova fábrica, em Arujá (SP), para onde deve mudar-se completamente até o final de maio. Ela dispõe de sete mil metros quadrados de área construída. Quando for inaugurada, a capacidade de produção deve dobrar, aumentando o quadro de funcionários para 100 pessoas. A antiga unidade tem 1,8 mil metros quadrados, em Vila Formosa, na capital paulista, e conta com 70 trabalhadores. "A nossa produção tem que dobrar", sentencia Silva. Para tal, adquiriu equipamentos importados para também incrementar a qualidade dos produtos.

SERVIÇOS

Do seu lado, o setor de serviços pet não está parado. Há espaço até mesmo para quem trabalha como motorista de pequenos animais. É o caso de João Carlos Chiles, proprietário do Taxi Animal, um serviço de transporte pet. Chiles aventurou-se no ramo um ano atrás, utilizando um veículo Towner, da marca Asia. Os animais não ficam circulando pelo furgão, ficam bem comportados dentro de cestas específicas. Seus passeios compreendem uma simples ida ao banho e tosa até a locomoção a uma cirurgia no Hospital Veterinário da Universidade de São Paulo (USP), por exemplo.

Para atender ao chamado, Chiles cobra uma taxa de R$ 15,00. Mas ele é camarada e colabora nos preços. Se o local for muito longe, o quilômetro rodado custa R$ 1,00. Sendo perto, a distância fica por R$ 1,50. Nas viagens para o interior combina antes o valor com o cliente. O animal transportado deve, de preferência, estar junto ao dono.

Só em fevereiro deste ano, Chiles fez 55 transportes. Fechou o mês com R$ 1.650,00. "Mas esse tipo de serviço precisa ser mais divulgado", prega. Nos Estados Unidos o negócio chegou a um ponto considerado por muitos como extremo. Já existe um serviço de limusine para pets, com direito a assentos especiais e, por US$ 20,00 extra, oferece-se inclusive uma exibição privê de vídeos específicos para a bicharada.

Os proprietários mais cuidadosos têm à sua disposição planos veterinários de saúde. Um deles é o Vet Saúde. Implantada há quatro anos em São Paulo, oferece facilidades no pagamento e bastante mobilidade nos serviços. Para se ter uma idéia, pode compreender de um simples banho e tosa a uma cirurgia complicada. Já chega a 600 o número de associados, gerando uma renda média de R$ 15 mil ao mês (R$ 180 mil por ano), conforme a sócia-proprietária Thaís Helena Felisbino.

Também nesse caso o pacote fiscal trouxe 6% de inadimplência só em novembro, afugentando alguns clientes, pois em caso de não-pagamento da mensalidade no prazo de 45 dias o contrato é automaticamente cancelado.

Dos animais atendidos, 67% são cães de pequeno porte; 11%, gatos; e 22%, cães grandes e gigantes. No plano Vet Saúde estão credenciados nove laboratórios, 79 lojas especializadas e 183 clínicas, na Grande São Paulo e parte do litoral. A mensalidade do plano integral para um cão pequeno sai por R$ 40,00 mensais. Por R$ 8,00 a mais, o cliente tem direito ao plano VIP, que inclui exames complementares. O plano especial tem as vantagens do integral, mais o tíquete beleza (para trocar por serviços estéticos em um pet shop credenciado). "Pretendemos dobrar o quadro de associados em 1998", aposta.

CONTRA A SOLIDÃO

O presidente da Sociedade de Medicina Veterinária do Rio de Janeiro, Jorge Pinto Lima, acredita na franca expansão do mercado pet. Para ele, os pequenos animais suprem a carência de companhia das pessoas que vivem ilhadas em si mesmas nos centros urbanos. Na "Cidade Maravilhosa", fala, o veto da entrada de bichos em apartamentos, pelos síndicos, é "letra morta". "Não adianta mais proibir, nem nada. É um desejo do povo", defende.

Com o envelhecimento da população humana há muita gente solitária, especialmente acima da faixa etária de 60 anos. "Em Copacabana, local onde há maior concentração de idosos, todos têm um animal ou mais."

A proliferação de clínicas de pequenos animais e a especialização de veterinários, de acordo com Pinto Lima, têm relação com os maiores cuidados inspirados pelos pets, assistidos como se fossem uma criança. "Proporcionou e está proporcionando maiores alternativas no mercado de trabalho para os veterinários." Mesmo quem não tem tanto poder aquisitivo pode recorrer, como em casos humanos, a uma clínica pública. "No Rio, temos o Instituto de Medicina Veterinária Jorge Vaistman, da prefeitura, que atende mediante uma módica quantia."

Mas quem deveria acabar com a solidão humana também pode ter problemas. Cães e gatos deitam-se no divã e são atendidos por veterinários psicólogos, por sessões de uma hora, ao custo que varia entre R$ 80,00 e R$ 100,00. É um tipo de terapia familiar, mas só que com o animal e o dono. Nos Estados Unidos os cuidados são bem mais sofisticados. Um psiquiatra diz solucionar qualquer problema no cão por R$ 300,00, a hora. Se isso não funcionar, pode recorrer-se a um "pet psychic", que revela o pensamento do animalzinho por R$ 30,00.

E quem é amigo é amigo até na hora - e depois - da morte. Com essa idéia, a italiana Adriana Sandonati abriu seu primeiro cemitério de animais, 16 anos atrás, no bairro Martinez, em Buenos Aires, Argentina. Em abril de 1994, colocou em funcionamento o Cemitério Parque de Animais Jardim do Amigo, em Itapevi (SP). A área escolhida foi a Estância São Francisco, com 20 mil metros quadrados, coberta de árvores e banhada por uma cachoeira. "Não existe estabelecimento com esse tipo de qualidade no mundo", assegura.

O atendimento é 24 horas. Conta com dois veículos que podem buscar o animal falecido em qualquer parte do Estado de São Paulo. Os jazigos são alugados, mediante contratos de três a cinco anos, podendo ser renovados mediante uma taxa mínima. Com um contrato funerário de antecedência, o serviço pode ser pago em até 24 parcelas. "Quando o animal morre, só é paga a taxa de enterro, de R$ 150,00." São quatro setores: o Colinas (popular), o Palmeiras e o Pinho, mais elegantes, e o de pequenos animais.

O ambiente é cuidado por dez funcionários. No local estão enterrados desde uma capivara a seres delicados, como a tartaruga Baughoo e o canário Dunga. Nos setores mais nobres, há placas nos jazigos de cada animal. O Jardim do Amigo também possui uma área de velório e pode construir um crematório, no futuro. "Cada animal tem uma história. Ele acompanha a nossa vida e a de nossos filhos. Por isso merece ter um final decente. Não pode simplesmente ser jogado ao lixo, ou num aterro sanitário", explica Adriana.

LADO NEGRO

O mercado pet também tem seu lado negro. A cada ano o Brasil perde 12 milhões de animais silvestres no mercado negro, girando uma bolada que vai de US$ 1 bilhão a US$ 1,5 bilhão, praticamente a mesma quantia gasta na legalidade. Segundo entidades ambientalistas internacionais, o País participa com 10 a 15% da comercialização de animais silvestres, que no mundo movimenta US$ 10 bilhões anuais.

De todos os animais, 30% são destinados ao exterior. A maioria fica reclusa em criações clandestinas, com colecionadores e feiras. Ambientalistas do mundo inteiro acusam o Rio de Janeiro de ser a "capital internacional do tráfico de animais". Só naquele estado existem mais de 100 feiras distribuídas em diversos municípios. A maior delas, em Duque de Caxias, é famosa no exterior.

O contato com os clientes, geralmente, é feito por um menor. As encomendas são feitas com caçadores, que percorrem as matas em busca das espécies. Infelizmente, 90% dos animais caçados morrem durante o caminho ao mercado. Os que vão para o exterior ganham documentação falsa. Ficam supervalorizados e ganham novamente outra nacionalidade. O mais vendido é o papagaio. De seu habitat ao exterior o preço sobe de US$ 50,00 a US$ 2 mil a unidade. Nos Estados Unidos e Europa, a jaguatirica chega a custar até US$ 5 mil, embora saia da Amazônia por US$ 100,00.

Um dos mais raros, o mico-leão-dourado, uma espécie em extinção, pula da cifra de US$ 250,00 a US$ 15 mil, ao ser vendido lá fora.

Estimativa média do faturamento bruto mensal de um pet shop

em %


em R$
Rações

30


6 mil
Serviços

30


6 mil
Acessórios, aditivos e medicação

40


8 mil
Total

100


20 mil

Fonte: Rede Alvorada de pet shop, fornecido por Francisco Venturi Régis

Maiores empresas do mundo de defensivos animais

Empresa


Total em 1997
1º Merial US$ 1,48 bilhões
2º Pfizer US$ 1,3 bilhões
3º Bayer US$ 900 milhões
4º Fort Dodge US$ 750 milhões
5º Basf US$ 685 milhões
6º Schering-Plough US$ 655 milhões
7º Novartis US$ 645 milhões
8º Elanco US$ 580 milhões
9º Hoecht US$ 497 milhões
10º Pharmacia & Upjohn US$ 421 milhões

Fonte: Vivash-Jones International

Segmento de consumo de Rações em 1997

Por setor


em %
Avicultura

56
Suínos

31
Bovinos

6
Outros

3,8
Pet Food

2
Eqüinos

1
Peixes

0,2

Fonte: Sindirações e Anfar

Produção Nacional de Rações (Em milhões de toneladas por espécie)

1996


1997


1998*
Avicultura

15.252


16.340


17.288
Corte

12.622


13.889


14.713
Postura

2.630


2.452


2.575
Suínos

8.493


8.950


9.400
Bovinos

1.239


1.780


1.958
Pet Food

420


550


640
Eqüinos

222


250


260
Aqüicultura

-


60


80
Outros

386,9


745


780
Totais

26.012,9


28.676


30.406

*Previsão Fonte: Sindirações e Anfar

Maiores produtores nacionais de ração para cães

Empresa


em %
Éffem

44
Purina

21
Mogiana

10
Cargill

5

Fonte: AC Nielsen Brasil (1997)

Maiores produtores nacionais de ração para gatos

Empresa


em %
Éffem

60
Purina

26
Mogiana

7
Cargill

5

Fonte: AC Nielsen Brasil (1997)
FONTE:
Revista Cães & Gatos
Gessulli Agribusiness
Pça Sergipe, 156 – CEP 18540-000 – Porto Feliz-SP
Tel: (15) 262-3133 / 262-3919
E-mail: gessulli@gessulli.com.br